domingo, 8 de maio de 2011

Às Mães


- às Mães que apesar das canseiras, dores e trabalhos, sorriem e riem, felizes, com os filhos amados ao peito, ao colo ou em seu redor; e às que choram, doridas e inconsoláveis, a sua perda física, ou os vêem “perder-se” nos perigos inúmeros da sociedade violenta e desumana em que vivemos;
- às Mães ainda meninas, e às menos jovens, que contra ventos e marés, ultrapassando dificuldades de toda a ordem, têm a valentia de assumir uma gravidez - talvez inoportuna e indesejada – por saberem que a Vida é sempre um Bem Maior e um Dom que não se discute e, muito menos, quando se trata de um filho seu, pequeno ser frágil e indefeso que lhe foi confiado;
- às Mães que souberam sacrificar uma talvez brilhante carreira profissional, para darem prioridade à maternidade e à educação dos seus filhos e às que, quantas vezes precisamente por amor aos filhos, souberam ser firmes e educadoras, dizendo um “não” oportuno e salvador a muitos dos caprichos dos seus filhos adolescentes;
- às Mães precocemente envelhecidas, gastas e doentes, tantas vezes esquecidas de si mesmas e que hoje se sentem mais tristes e magoadas, talvez por não terem um filho que se lembre delas, de as abraçar e beijar...;
- às Mães solitárias, paradas no tempo, não visitadas, não desejadas, e hoje abandonadas num qualquer quarto, num qualquer lar, na cidade ou no campo, e que talvez não tenham hoje, nem uma pessoa amiga que lhes leia ao menos uma carta dum filho...;
- também às Mães que não tendo dado à luz fisicamente, são Mães pelo coração e pelo espírito, pela generosidade e abnegação, para tantos que por mil razões não tiveram outra Mãe...e finalmente, também às Mães queridíssimas que já partiram deste mundo e que por certo repousam já num céu merecido e conquistado a pulso e sacrifício...
A todas as Mães, a todas sem excepção, um Abraço e um Beijo cheios de simpatia e de ternura! E Parabéns, mesmo que ninguém mais vos felicite! E Obrigado, mesmo que ninguém mais vos agradeça!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Por que as pessoas usam drogas?

Há mais de 30 anos me fazem esta mesma pergunta: - Por que as pessoas usam drogas? E, apesar de respondê-la, confesso que até hoje não consegui encontrar um motivo ou uma causa que fosse suficientemente forte para levar alguém a usá-las. Isto porque todos, ou quase todos, conhecem o perigo que o vício das drogas representa e mesmo assim são capazes de assumir este risco.

Que as drogas fazem mal, ninguém discute. O que se discute é por que, mesmo sabendo disso, as pessoas continuam a usá-las e em proporções cada vez maiores. Esta é uma verdade que desafia a inteligência de todos os que estudam o assunto, mesmo porque a faixa etária daqueles que estão se iniciando no vício, está diminuindo assustadoramente. A mídia informa diariamente que crianças com 8, 9 e 10 anos já estão usando maconha, bebidas alcoólicas, cola de sapateiro, cocaína, crack, etc e, sob o efeito destas drogas, sem o perceber, estão ingressando no exército dos marginais, onde são iniciados no roubo, na prostituição, nos assaltos e nos crimes.
Se alguém chegasse perto de você e pedisse para citar as diferentes causas que podem levar uma pessoa a usar drogas, talvez você dissesse: curiosidade, insegurança e conflito familiar. Outra pessoa por certo citaria causas diferentes como: desinformação, vazio existencialista e desejo de contestação. Observem a variação das respostas e terão na medida exata a dificuldade que encontramos para responder tal pergunta. Principalmente porque poderíamos acrescentar numerosas outras causas igualmente capazes de levar uma pessoa a usar drogas, como, por exemplo, ausência de Deus, um amanhã sem perspectiva, desorientação para o lazer, espírito grupal, imaturidade, personalidade instável, desprezo por parte da sociedade, identificação com os ídolos, etc.

Espírito grupal
Em realidade, somente algumas dessas causas, isoladamente, seriam capazes de levar um jovem a se tornar um dependente de drogas. Nesse caso, citaríamos como causa única capaz de levar alguém a usar drogas, o famigerado espírito grupal ou a identificação com os ídolos. O jovem só consegue ingressar num grupo de maconheiros se ele também começar a usar maconha. Isto vale para a cocaína, o crack, ou qualquer outra droga. É interessante observar que o espírito grupal manifesta-se mais intensamente em relação aos dependentes do crack, porque em grupo eles se consideram mais protegidos, além de ocorrer, quando necessário, um empréstimo de droga entre eles.
Outra causa capaz de levar alguém a usar drogas é a identificação com os ídolos. Isto nos preocupa de maneira assustadora porque aumenta a cada dia o número de atletas, cantores, músicos e artistas do cinema e da televisão, que estão usando drogas. E eles passam para os fãs a imagem do sucesso, da fama, da idolatria e da riqueza. Como é sabido, os jovens procuram imitar os ídolos em tudo que fazem, inclusive no uso das drogas.
Ainda hoje, a mídia sensacionalista está explorando a triste imagem do mais famoso jogador de futebol da década de 80, o fenomenal Maradona, vítima da cocaína que já destruiu, segundo os médicos que o atendem, dois terços de seu coração. Sua fotografia estampada nos jornais mostra, de maneira cruel, todo o estrago feito pela cocaína no seu organismo. E nos perguntamos, por quê? Por que um jovem que teve o mundo a seus pés, que foi idolatrado, endeusado e rico, se aniquila usando tal droga?
Por outro lado, duas ou três causas juntas, como, por exemplo, curiosidade, desinformação e falta de perspectiva, transformam os jovens nas mais indefesas vítimas dos traficantes de drogas. Quem não gostaria de experimentar o êxtase (a droga do amor), se alguém lhe disser que esta droga aumenta seu desejo sexual, prolonga sua ereção, melhora sua aprendizagem na escola e não faz nenhum mal? Claro que tudo isso é mentira. Mas e daí? Curioso por natureza, desinformado por omissão de quem devia orientá-lo e sem perspectiva de um futuro melhor, certamente ele irá experimentá-la. E daí ao vício é apenas questão de tempo.

Drogas não escolhem vítimas
O problema das drogas é muito maior "do que a nossa vã filosofia imagina" e não será solucionado enquanto a sociedade não se conscientizar da sua importância nesta luta, principalmente porque as drogas não escolhem vítimas, não respeitam classes sociais e nem mesmo se preocupam com o poder aquisitivo das pessoas. Simplesmente elas chegam e se apossam dos indivíduos, que, salvo raras exceções, tornam-se seus escravos. Para todos os que acham que seus filhos jamais serão atingidos pelas drogas, devo mencionar o provérbio chinês que diz: "A chuva não cai apenas no telhado do vizinho, ela cai no nosso telhado também."
Aceitando como verdade o que está escrito acima, e considerando o que disse Mariz de Oliveira no seu artigo "Os equívocos de sempre" (O Estado de S.Paulo, 14.05.1991), a solução do problema torna-se muito mais difícil numa sociedade em que o indivíduo passou a ser valorizado pelo sucesso financeiro que conseguiu obter e pelo patrimônio que conseguiu amealhar. Assim, a substituição do Ser pelo Ter, inverteu a escala de valores sociais e morais. Atualmente, o indivíduo vem sendo avaliado pelo que tem e não pelo que é. A angústia gerada por esse contexto pode, e seguramente é, uma das causas fundamentais do maior consumo de drogas, porque as pessoas procuram, com essa prática, camuflar suas insatisfações.
É indiscutível que a sociedade gera, permanentemente, fatores criminógenos, que provocam reações de efeitos diversos, dependendo do caráter e da personalidade de cada um. Nem todo menor carente é um infrator ou poderá se tornar um marginal, em função da miséria e do abandono em que se encontra. No entanto, suas necessidades culturais e afetivas constituem um campo fértil a impulsioná-lo para a marginalidade.
Daí, uma sociedade que passou a valorizar o Ter em detrimento do Ser, que se vangloria de tentar levar vantagem em tudo e aplaude e busca soluções fora da lei, agindo de tal forma, e à medida que volta as costas para os menos afortunados, somente provoca situações de convite à violência e de estímulo à criminalidade. Essas verdades incomodam, porque somos todos responsáveis, desde o governo às elites dirigentes e, também, à classe média, entregue aos prazeres dos pequenos delitos e adotando como valores morais os pregados na novela das 8 horas.
Embora de difícil solução, porém não impossível, devemos começar agora com dedicação, perseverança e competência, tentar solucioná-lo. Se não fomos nós que criamos tal problema, não adianta também ficar jogando a culpa no vizinho. Mesmo porque somente ele não é o responsável. O que importa agora é não nos omitirmos, mas participarmos do mutirão que se propõe a resolvê-lo.
A primeira etapa seria um processo educacional, começando nas nossas casas e continuando nas escolas, onde os jovens teriam oportunidade de retomar antigos valores perdidos no tempo, tais como ética, moral e cidadania. Consolidados esses valores, dificilmente alguém seria envolvido pelos párias da sociedade, os narcotraficantes, porque ele saberia neutralizar seus argumentos.
Somente isto não resolveria o problema, mas seria o ponto de partida para vivermos os próximos anos em paz, harmonia e felicidade. Que Deus nos ajude.


*O autor é sócio do RC de Viçosa, MG
(D.4580), governador 1986-87 do
distrito e conselheiro da Brasil Rotário