terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Acordar,viver
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono tranportou-me aquele
reino onde não existe vida e
eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir,dia seguinte após
dia seguinte,a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas
ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento que lembra
a terra e sua púrpura demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora,algoz do inocente que não sou?

Ninquém responde,a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade.

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